
Quando moça,
Elizabeth gostava muito de revistas. Uma tia combinou que leria as revistas
durante a semana e ela poderia pegá-las no sábado a tarde. O pai emprestava o carro
e ela seguia para a casa da tia. Quando chegava, o tio preparava leite com
groselha. Ela tomava o leite já folheando as revistas. Era um sábado alegre,
“de um céu azul nevoado”, ressaltou, quando olhou pela janela e notou um rapaz
do lado da rua, numa oficina mecânica. Moreno claro, fartos cabelos escuros e
encaracolados. “Tio, chama aquele moço aqui? “. Pois Elizabeth era resoluta
deste muito moça. Ela subiu as escadas para ajeitar o cabelo e quando desceu o
tio tinha trazido o moço. “Muito prazer, meu nome é Elizabeth”. “Sou Ricardo”.
“Ricardo, você está namorando? “. “Não. Acabei de terminar um namoro e estou
livre como um pássaro. E e estou gostando de ficar assim”. “Ah, que pena.
Porque eu estou solteira também. Mas tudo bem, foi um prazer conhecê-lo (deu a
mão em cumprimento). A vida segue. Com
licença”. Com o sorriso e simpatia habitual, revistas na mão, deixou o
moço com o tio e se foi. Naquela noite, Ricardo apareceu em sua casa e a pediu
em namoro para o pai. Namoraram durante cinco anos. Viveram juntos durante mais 15
anos até o acidente fatal.
A
manicure chegou para me atender. Dei um beijo e um abraço na Sra. Elizabeth.
Pintei as unhas de um azul bem clarinho em homenagem ao céu daquele dia em que
se conheceram.